Os rios, que eram nossas estradas, secam como se implorassem por um último suspiro. O Amazonas está em chamas… não apenas pelo fogo que consome nossa floresta, mas pela crise que consome nossa gente. A fumaça que corta o ar nos lembra que vivemos um tempo em que respirar se tornou privilégio, em que a água, a mãe de todas as vidas, se recolhe, encolhe e desaparece. Os ciclos da seca são como uma sentença que nos é imposta, e a cada dia, o peso dessa sentença nos afunda mais no abismo de uma crise que nos atinge em cheio.

Nós não esquecemos! Manaus foi o lugar que sufocou sem oxigênio. Durante a pandemia da Covid-19, vimos nossa gente morrer, não pela falta de cura, mas pela falta de ar, pela falta de cuidado, pela negligência criminosa de quem governa. O Amazonas foi palco de um assassinato em massa. E não podemos enterrar essa memória. Precisamos lembrar para que jamais se repita, para que os responsáveis sejam punidos, e para que nossos mortos tenham justiça!

E nós? Somos os que sentem primeiro, os que pagam o preço mais alto. As populações ribeirinhas, os povos indígenas, quilombolas, os que vivem nas periferias de Manaus… nós somos as vítimas da destruição que nos atravessa, e que se propaga pelo mundo. Quem não vê? Quem não sente?

Nós estamos Até o Tucupi. Até o limite da nossa resistência. Nossa indignação transborda e, junto dela, nossa força de luta. Não vamos esperar pela salvação vinda de cúpulas, de megaeventos, de promessas vazias. A COP será na Amazônia, mas a mudança precisa nascer de nós. Somos os que vivem nas águas, os que caminham sobre a terra e respiram o ar poluído da cidade. Somos os que resistem!

A crise climática é uma guerra declarada contra nossa existência. E não podemos mais permitir que nos silenciem. Manaus, Amazônia, é o epicentro dessa luta. Estamos até o pescoço de promessas, até o pescoço de omissões. Agora, estamos Até o Tucupi de ação.

Venham! Ocupem! Gritem! Transformem! Nós somos a floresta, os rios, as águas. A resistência pulsa no sangue dos nossos ancestrais, e é ela que vai nos conduzir. Não há mais tempo. Estamos Até o Tucupi pelo Clima… e não vamos parar!