Quem bota fé que a COP vai mudar alguma coisa?

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O mundo voltará os olhos para o Brasil em 2025, afinal será a primeira vez que uma Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), será realizada na Amazônia. O local escolhido foi Belém (PA), e desde que o anúncio foi feito pelo Presidente Lula, diversos movimentos da sociedade civil têm se organizado para pressionar que suas participações não sejam meras figurativas e sim como parte da construção e decisão. A mesa da COP30 está posta, mas será que teremos uma virada nessa mesa?

Botar fé, na linguagem da Amazônia, é sinônimo de acreditar. Mas quando falamos da COP 30, que será realizada na Amazônia em 2025, essa expressão nos convida a refletir profundamente. A Conferência das Partes (COP) é o principal encontro global da ONU sobre mudanças climáticas, onde líderes mundiais debatem ações para mitigar os impactos da crise climática e implementar os acordos climáticos internacionais, como o Acordo de Paris. Contudo, diante dos desafios locais e globais, é crucial pensarmos “Além de Belém”. Megaeventos e cúpulas sozinhos não resolverão os inúmeros problemas que já atingem gravemente nossa região.

Uma Cop na Amazônia sem espaço para os amazônidas

O tempo mudou, os rios secaram, e a seca atingiu neste ano de 2024, mais de 700 mil pessoas no Estado do Amazonas, ao mesmo tempo que os debates sobre o clima são cada vez mais usados nos discursos dos líderes ao redor do mundo, inclusive o do Brasil, nos territórios os impactos são severos e já tem causado danos e perdas irreparáveis.

As mudanças do Clima deixaram de ser um presságio e se tornou efetivo.Uma das populações mais afetadas com essa mudança são principalmente os povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, povos tradicionais e a população periférica, ou seja os que foram colocados nas margens. Com o anúncio da COP30 no Brasil, muitos eventos começaram a ser realizados com objetivo de incidir sobre esse espaço, mas será que a população amazônida que sai todos os dias para ir aos seus trabalhos sentindo o calor extremo e respirando fumaça, ou os que estão lá nos seus territórios sendo impactados pela seca, sabe o que é essa COP e como a falta dos cumprimentos dos acordos feitos afetam diretamente suas vidas?

Para se ter uma ideia, a primeira COP aconteceu em 1995 em Berlim, na Alemanha, desde então vários papéis foram assinados, inúmeros compromissos e até agora não vemos nada de efetivo, o que nos faz refletir; será que agora vai ser diferente?
Refletir e debater se faz necessário, mas como fazer isso se o conhecimento não chega na ponta, e quando chega a linguagem não é falada de acordo com a realidade vivenciada pelo povo.

A população Amazônida têm o direito de saber o que vai ser sediado em sua região, e qual a relação com suas vidas, mas é óbvio que os que detém o poder nas mãos não querem que isso aconteça e fazem com que os conteúdos sejam complexos e de difícil entendimento, isso não deixa de ser um plano de dominação de conhecimento para que os poderosos continuem mais poderosos destruindo o planeta.

O Até o Tucupi 2024 – Festival pelo Clima traz para o centro de debate como as cidades Amazônicas estão nesse preparativo para receber o evento mundial do clima. Para isso, o festival propõe a realização do Encontro Amazonense sobre Crise Climática. Alguns pontos destacados:

Impactos Climáticos no Amazonas

  • Secas severas deixam comunidades sem acesso à água potável, agravando crises sociais e de saúde.
  • O aumento das queimadas compromete a qualidade do ar e a navegabilidade dos rios, essenciais para a subsistência das populações.
  • Manaus, como maior cidade da Amazônia, enfrenta desafios como falta de infraestrutura, ausência de planejamento urbano e políticas públicas ineficazes para lidar com a crise climática.

Vulnerabilidades das Populações Tradicionais e Urbanas

  • Manaus abriga a maior população indígena urbana do Brasil, que vive majoritariamente em condições precarizadas nas periferias.
  • Indígenas enfrentam o racismo estrutural ao reafirmarem suas identidades em um grande centro urbano que historicamente invisibiliza suas existências.
  • Quilombolas e comunidades tradicionais enfrentam lutas semelhantes, resistindo para preservar suas culturas e modos de vida em meio à exclusão social.

Urgência de Justiça Climática e Social

  • A crise climática na Amazônia expõe a interseção entre justiça ambiental e justiça social.
  • A luta por políticas públicas inclusivas e pelo reconhecimento de direitos é central para mitigar os impactos climáticos e garantir o bem viver.

Esse contexto reforça a necessidade de colocarmos as vozes amazônicas no centro das discussões e ações. Não se trata apenas de sediar a COP, mas de garantir que ela represente uma oportunidade de fortalecer as lutas locais por justiça climática e social. O festival propõe um espaço de resistência e debate para questionar: quem realmente bota fé na mudança e como nós, que vivemos aqui, podemos liderar essas transformações?

A amazônia é feita de inúmeras resistências, e é isso que o encontro amazonense propõe, uma reflexão a partir dos vários olhares e vivências sobre o sentido de um evento de clima na Amazônia e quais as expectativas, e como seus movimentos se enxergam nessa construção, acredita-se que a mudança virá a partir da pressão da sociedade sobre os que tomam decisão.

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